Marco Vitória, da Organização Mundial de Saúde, ao apresentar hoje pela manhã a situação atual da pandemia de HIV-Aids no Mundo, no XVIII Congresso Brasileiro de Infectologia, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, disse que a cura da Aids só vai alcançada a longo prazo. Ele destacou as linhas de pesquisa para se combater a doença, mas que ainda não se encontrou uma vacina para cura.
Marco Vitória concedeu a seguinte entrevista:
A vacina contra Aids é o primeiro passo para a cura?
Marco Vitória - Isso é um tema que vem sendo discutido há várias décadas. Há diversos estudos, mas ainda é necessário bastante investimentos em termos de pesquisa, já que os resultados das últimas tentativas não se mostraram tão efetivos como se esperava. as há diversas outras linhas de pesquisa nessa área que tendem a mostrar resultados promissores. Mas aparentemente ainda é uma situação que necessita um maior estudo, maior avaliação e uma perspectiva no curto prazo, acho que ainda não há uma vacina efetiva. Mas há diversas estratégias sendo discutidas agora que podem no futuro de médio e longo prazos mostrar resultado de uma vacina que tanto possa preventiva ou mesmo uma vacina que ajude a combater o vírus, reduzir a infectividade ou mesmo a capacidade de provocar doenças e ser uma vacina para fins terapêuticos e isso pode ser útil para pessoas que já estão infectadas. Então há diversas linhas de pesquisa nessa área mostrando resultados promissores, mesmo na pesquisa clínica. mas ainda é muito cedo para se falar numa vacina para ser aplicada em saúde pública. Vamos esperar mais um pouquinho ainda.
Qual a agenda da OMS em relação à Aids?
Marco Vitória - Temos uma agende muito intensa. Um grande compromisso de diversos institutos de pesquisa, buscando um tratamento curativo. Obviamente não é uma coisa que vai acontecer em breve. Mas nós vamos começar a ouvir falar muito de esquemas terapêuticos que promovem um melhor controle da doença ao longo prazo. Nas próximas décadas certamente nós vamos ter tratamentos melhores que nós temos hoje. mas a OMS não é uma agência de pesquisa. Mas ela coordena a agenda global de pesquisa e o papel dela é capitalizar esses estudos tentando buscar, ajudar na coordenação das diversas linhas que existem para que haja uma resposta mais rápida e mais efetiva. É um papel de capitalizar os processos.
Para se curar da Aids o que se deve fazer?
Marco Vitória - Iniciar o tratamento mais cedo possível. A OMS recentemente renovou as recomendações terapêuticas. Está tentando promover um acesso mais cedo ao teste. Tentando iniciar mais cedo possível, usando drogas cada vez mais menos tóxicas e tentando promover uma maior integração do sistema de saúde, no sentido de facilitar o aceso ao tratamento e a manutenção desse tratamento nos diversos sistemas de saúde de todo o mundo e em todos os níveis. Hoje o mais importante é a gente conseguir por as pessoas em tratamento o mais cedo possível.
Hoje as pessoas estão conscientes em relação à Aids?
Marcos Vitória - Há obviamente em muitos países este processo de conscientização e o envolvimento da comunidade está cada vez mais forte. O rasil é um bom exemplo disso. Mas ainda há em muitos países uma grande carga de preconceito e particularmente a certos grupos em que são muito marginalizados pela sociedade, como usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo. São grupos que muitas vezes têm uma dificuldade muito grande de acesso por causa de barreiras sociais legais que ainda existem. Isso realmente tem que ser revisto para que uma resposta mais efetiva seja alcançada.
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