Depois da apresentação eletrizante da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (PE), os cariocas da Bangalafumenga fazem a festa no Aterrinho da Praia de Iracema neste sábado (15). A programação do Pré-Carnaval segue em diversos bairros nas sete regionais de Fortaleza e, neste sábado (15), o cortejo de blocos se apresentam no palco montado no Aterrinho da Praia de Iracema, a partir das 19 horas, seguido da apresentação da Bangalafumenga (RJ), às 22 horas. O Ciclo Carnavalesco Fortaleza 2014 homenageia o Maracatu Cearense e é promovido pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, por meio da Secretaria de Cultura (Secultfor), com patrocínio master da cerveja Skol e apoio cultural do Governo do Estado do Ceará.
Os shows no Aterrinho vão até o dia 23 de fevereiro. O edital selecionou 60 blocos, sendo 10 destes estreantes, com uma só saída, 10 veteranos para duas saídas e 40 blocos veteranos com quatro saídas. Os blocos se apresentam todas as sextas, sábados e domingos, espalhados por vários bairros de Fortaleza. Além do tradicional circuito Dragão do Mar – Praia de Iracema, outros bairros da capital como Benfica, Jardim América, Parque Manibura, entre muitos outros, também estarão entre os polos de folia.
De segunda a domingo, durante o período do Ciclo Carnavalesco, a população pode acompanhar ensaios abertos dos grupos de Maracatu, manifestação típica da cultura cearense, e de vários blocos, sempre com programação promovida em diversos bairros. Para não esquecer dos foliões mirins, a Secultfor montou um espaço especial para os domingos do Pré-Carnaval em prol da criançada. O Passeio Público de Fortaleza amanhece diferente aos domingos, sendo um espaço para reunir crianças e pais em um piquenique. A programação tem a realização de várias oficinas, como as de instrumentos musicais para o Carnaval, pintura facial para o Carnaval e de máscaras e adereços para o Carnaval. Outra novidade do Ciclo Carnavalesco e um preparativo dos foliões para o período momino serão as tardes de folia no Mercado dos Pinhões do Ceará, com muito samba.
Sobre o Bangalafumenga
Um evento chamado Bangalafumenga. Em 1998 – no Planetário da Gávea–, idealizado pelo poeta Chacal, o projeto promovia encontro de novos compositores do samba, e, também do pessoal da poesia e das artes em geral. Rodrigo Maranhão e Celso Alvim lá se encontraram. A paixão pelo carnaval era um ponto de interseção entre os dois. Fundaram o bloco Bangalafumenga.
Em 1998, o bloco desfilou da ponta do Leblon até o “baixo bebê”, sob forte tempestade. No ano seguinte, a rapaziada desfilou na passarela do Museu de Arte Moderna, sobrevoando os carros no aterro. A partir de 2001, a batucada se transferiu para a Cinelândia, sempre na terça-feira antes do carnaval. Em 2006, o “Banga” estreitou os laços com o Império Serrano. Também neste ano, atravessou a ponte e realizou eventos que chegaram a arrastar mais de quatro mil pessoas em São Gonçalo.
Destaca-se por apresentar um repertório autoral, uma bateria formada em casa e a experiência de 12 carnavais muito bem brincados. O desfile acontece hoje, na Rua Pacheco Leão, e, em 2007, novamente arrastou uma multidão pelas ruas de São Gonçalo. As rodas de samba no Cosme Velho; os desfiles pela praia e no Horto; os bailes; o repertório autoral. O “Banga” fez muita coisa em 12 carnavais. Foi um dos blocos responsáveis pela revitalização do carnaval de rua carioca, hoje, patrimônio da cidade.
Com o sucesso do carnaval, os principais integrantes ficaram motivados a seguir com o trabalho durante o ano, fazendo shows com uma formação reduzida, mas sem perder a sonoridade e a característica festiva do bloco. Este foi o estopim para o surgimento da banda “Bangalafumenga”. No entanto, mesmo como uma banda, não perderam o jeito “vira-lata”, e, não deixaram de participar da folia do carnaval de rua. O resultado é um som direto, percussivo, super dançante, com uma linguagem poética simples.
Assim, o trabalho foi começando a conquistar a simpatia do público, e respeito de nomes consagrados da nossa música. Já dividiram palco com artistas como: Nei Lopes, Zélia Duncan, Fernanda Abreu, Marcelo D2, Roberto Frejat, Seu Jorge, Paula Lima, Walter Alfaiate, Adriana Calcanhoto, Pedro Luís e a Parede, Serjão Loroza, Toni Garrido, entre outros. Rodrigo Maranhão, líder e principal compositor do grupo, já foi gravado por vários intérpretes da música brasileira. Destaque para Fernanda Abreu, Zélia Duncan, e Maria Rita, esta última que gravou a canção “Caminhos das Águas”, que deu ao compositor o Grammy Latino de melhor canção brasileira de 2006.
O repertório do “Banga” conta com suas canções, e de outros compositores da nova safra, além de clássicos da boa música brasileira. Em 2009, “Bangalafumenga” lança o terceiro CD de sua carreira, “Barraco Dourado” (MPB/Universal), privilegiando o lado autoral do grupo. É indicado ao “Prêmio de Música Brasileira” – o antigo “Prêmio Tim” – na categoria Pop/Rock, para melhor disco e banda. Vence, levando o título de melhor banda de Pop/Rock em 2009. Entra para a trilha sonora da novela das oito, “Caminho das Índias”, com a releitura de ‘Lourinha Bombril’.
No mais, no dicionário, Bangalafumenga quer dizer um indivíduo sem importância, um “João Ninguém”. Na tradição do nosso samba, era o nome dado às casas do Rio Antigo que abrigavam as batucadas, numa época em que carregar um violão ou batucar era caso de polícia. Como os tempos são outros, hoje, com o “Bangalafumenga” na área, a festa está liberada, o surdo bate forte sem medo do delegado, e, a casa recebe seus convidados de portas abertas. Divirta-se.
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