Diariamente, sofremos inúmeras influências que mexem com nosso emocional, com nossos sentidos. Dentre estas influências, a música é uma das mais fortes, pois está presente em mais momentos do dia do que imaginamos. A mídia destaca bastante os benefícios que a música traz, como, por exemplo, a um esportista, que se estimula antes de uma competição ou a um estudante, que diminui a tensão antes do vestibular.
Para entender melhor o “domínio” da música em nossas vidas, vamos imaginar um personagem, um homem, solteiro, de 27 anos, chamado Paulo, que está empregado e economicamente em ascensão. Paulo é cada vez mais influenciado pela música em sua vida e é comum vê-lo atraído e identificado a marcas e lugares com atmosfera agradável, aconchegante. De repente, se vê fisgado pelos aspectos visuais, sonoros e olfativos do local. Cada estabelecimento que frequenta proporciona sensações em Paulo que tocam os seus sentidos.
Às 10h de um sábado, Paulo acorda e vai à academia. A musculação é impulsionada por marcações rítmicas da música eletrônica e outros gêneros que apresentam níveis de energia altos para contagiar seu treino. Paulo gosta de rock dos anos 90, mas na academia só treina com beats que tocam em bom volume. De tanto frequentar a academia, ele já tem muitas amizades e, quando percebe, está sempre cantarolando hits de house e pop com os colegas. Depois do treino, ele vai almoçar com um amigo em um restaurante situado na mesma região da academia, o centro. O rock’n’roll clássico, o cheiro de hambúrguer que sai da chapa e a temática visual dos anos 50 compõem a sua escolha para momentos de descontração, como neste sábado. Paulo sai da lanchonete com melodias dos Beatles e do Elvis Presley na cabeça, claro, bastante satisfeito.
Várias pesquisas e estudos concluíram que a música tem sim finalidades terapêuticas, estimulantes e/ou relaxantes. A música, como forma de arte, trabalha com os hemisférios cerebrais e promove o equilíbrio entre o pensar e o sentir. A melodia é responsável por trabalhar, entre outros pontos, com o emocional, unindo a harmonia com o impulso de nossas atitudes. Paulo se lembra do aniversário de uma amiga, então vai ao shopping, entra em uma loja fashion, onde a informação musical dali está à frente de seu tempo, e é atraído por timbres eletrônicos de cenário que se recicla sempre. Por um momento pensa que está num desfile, mas a vendedora chega, simpática, prestativa, e deixa Paulo à vontade para apreciar os tecidos e estampas. Ele escolhe o presente, pega um cartão da loja, assovia mais um acorde da música e sai certo de ter feito uma ótima compra.
No mesmo sábado, Paulo ainda precisa escolher a decoração de sua nova cozinha e vai a uma loja do segmento. Durante uma hora recebe ofertas de soluções personalizadas e atendimento exclusivo. O clima de engajamento com o vendedor e o mix de produtos “flutuam” em um ambiente agradável que mescla sonoridades suaves e timbres orgânicos.
Assim como Paulo, todos nós somos consumidores e “dominados” pela música no momento das compra, mas sem nos darmos conta. Isso acontece de propósito, faz parte da premissa do uso estratégico da música, pois a experiência que passamos com ela é emocional, inconsciente.
O conceito de estratégia musical deve ser definido pelas sensações que a marca ou local deseja transmitir ao seu consumidor. Mesmo com seu público-alvo habituado a gostos musicais próprios, o segredo está na comunicação dos atributos da marca pelo ambiente. Por exemplo, Paulo gosta de rock grunge dos anos 90, mas se conecta da mesma maneira com a atmosfera transmitida na academia, na hamburgueria, na loja de roupas ou de decoração. A sua experiência é positiva porque profissionais de música e marketing experientes pensaram antes por ele. A música certa no momento certo está no centro das estratégias.
Só assim é possível uma marca exaltar seus atributos e se comunicar de forma eficiente com os clientes e também com os funcionários, pois todos nós somos, em algum momento, um consumidor, um “Paulo”.
* Marcel Martins, Gerente de Marketing da ListenX
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