O projeto desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical e a Embrapa Floresta, junto com o Sindmóveis/Ce para a identificação de espécies florestais com potencial para uso no setor moveleiro do Estado, já identificou as primeiras espécies viáveis. De acordo com o estudo, após 2 anos de cultivo em área do perímetro irrigado do Baixo Acaráu, as espécies que mais se destacaram no grupo das não tradicionais foram o marupá e sobrasil, acacia mangium e a casuarina. Já o paricá e o chichá do Pará, ficaram entre as espécies da região amazônica; e os clones de híbridos de eucalipto foram os superiores.
O estudo sobre o crescimento e desenvolvimento de espécies florestais com potencial para uso no setor moveleiro vem sendo desenvolvido desde 2010, em aproximadamente três hectares do Projeto de Irrigação do Baixo Acaraú, coordenado pelo DNOCS, e localizado no município de Acaraú. Segundo Geraldo Osterno Júnior, presidente do Sindmóveis, o projeto pioneiro no segmento florestal cearense tem como objetivo testar e selecionar espécies arbóreas não-tradicionais, provenientes de material de ou variabilidade genética adequada, com perspectivas de maior produtividade e melhor qualidade da matéria-prima para a indústria do pólo moveleiro.
O trabalho, coordenado por Diva Correia, foi concebido em três fases, já tendo sido concluída a fase I, estando em execução a segunda fase. Com a iniciativa, além de ampliar a produtividade, destaca Osterno, o SindMóveis potencializa a melhoria da qualidade da matéria-prima utilizada pela indústria moveleira do Ceará. O município de Marco constitui-se como o maior pólo moveleiro do Estado, com aproximadamente 28 empresas, entre micro, pequenas e grandes, gerando em média 1.200 empregos diretos. Além de Marco, o setor moveleiro cearense se destaca também com importantes empresas em Jaguaribe e Iguatu.
A intenção é aproveitar parte dos 8.300 hectares de terra do Projeto de Irrigação do Baixo Acaraú localizados no município de Marco. Além de reduzir o custo da madeira, considerado elevado pelos produtores, o projeto deverá proporcionar a ampliação da área florestada no Estado, reduzindo assim a exploração indiscriminada de florestas nativas tropicais. Para os moradores do projeto de irrigação, a iniciativa pode resultar ainda em um fonte alternativa de renda e formação de mão de obra especializada local.
Em média, tais árvores levam mais de 20 anos para serem cortadas e usadas comercialmente. O projeto é uma aposta no futuro. Vencidas as barreiras de clima e solo, o Brasil poderá contar com florestas destinadas ao uso moveleiro em lugares até então impensados, como o semiárido nordestino. Do ponto de vista ambiental, a expectativa é que as plantas se adaptem à nova região ecológica,
diminuindo assim a pressão de consumo exercida atualmente sobre as florestas naturais. Além de fazer bem à economia de Marco, as novas florestas representam um excelente negócio para o meio ambiente.
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