Podemos considerar o ser vivo árvore como uma estrutura complexa que, diante de forças do vento ou instabilidade do solo, com a copa e o tronco encharcados pelo excesso de chuva, ficará sujeita à queda. Nas cidades em que a arborização urbana não foi planejada ou não há o manejo adequado, esse risco se agrava pela escolha inadequada do local ou das Espécies de Árvores. Somam-se a isto as interferências urbanas que afetam o crescimento, como o tamanho dos canteiros e das calçadas e as redes de abastecimento de energia, água, esgoto e gás. A ação do homem na execução de podas inadequadas pode desequilibrar a árvore e favorecer o apodrecimento do tronco e raízes, o que também é um fator significativo para a queda.
A tomada de decisão sobre o manejo adequado depende do conhecimento da biologia das espécies, das pragas, dos organismos deterioradores, como cupins e fungos, e da fisiologia e anatomia vegetal. Para a análise do risco de queda, acrescenta-se a biomecânica das Árvores, área da ciência relativamente nova que reúne o conhecimento de engenharia e biologia e que considera a árvore como uma estrutura, sujeita às intempéries, mas que também reage às interferências externas. Portanto, caracteriza-se a necessidade da formação e aprimoramento dos profissionais responsáveis pela avaliação das Árvores dos quais muitas vezes carecem as Prefeituras.
Apesar do conhecimento existente, deve-se ressaltar que a avaliação do risco de queda de uma árvore possui incertezas. No entanto, elas tendem a diminuir com a utilização de equipamentos para avaliações não destrutivas e de tecnologias confiáveis de diagnóstico. Institutos de pesquisa e universidades têm papel importante no aprimoramento dos critérios de tomada de decisão, com base técnica e científica, para ajudar o poder público na Gestão da Arborização Urbana.
Hoje, o principal gargalo tecnológico está na avaliação das raízes pelo fato de estarem enterradas. É necessário verificar sua distribuição e sanidade; a tecnologia de tomografia e radar está sendo validada em todo o mundo para esta situação, inclusive no Brasil. A fatalidade ainda acontece, uma vez que não é possível se inferir sobre o estado do sistema de raízes das Árvores, e exemplares completamente sadios também podem cair pela ação do vento e peso próprio. Entretanto, é inadmissível, diante de evidências objetivas de problemas, não se estabelecer uma manutenção preventiva a fim de minimizar os riscos às Cidades.
Em bairros de Arborização melhor estabelecida, vive-se o dilema de os exemplares estarem iniciando seu processo de declínio e necessitarem de mais cuidados. Tecnicamente é necessário um monitoramento mais frequente e práticas de manejo, o que inclui a decisão sobre a remoção ou poda das Árvores. Deve-se evitar qualquer postura ‘conservadora’, que descaracterize as Árvores das Cidades com podas drásticas, além de uma pró-atividade ‘conservacionista’ equivocada, que impeça qualquer manejo necessário a favor da segurança.
Cabe à Prefeitura e às empresas que venham a serem contratadas para trabalhar com a arborização urbana, a utilização do melhor conhecimento e da tecnologia mais moderna para a iniciação, com urgência, do inventário de Árvores da Cidade, estabelecendo-se um programa de manejo preventivo, com prioridade para os bairros com arborização mais antiga, as avenidas e os locais com grande concentração de veículos e pessoas, entre outros critérios.
Em um projeto piloto e abrangente, o IPT tem desenvolvido este tipo de trabalho essencial em conjunto com a prefeitura de Mauá (SP), financiado pelo Fundo Estadual de Defesa de Interesses Difusos - FID de São Paulo. É primordial que esse manejo esteja concatenado com um programa de planejamento e plantio para mantermos a paisagem e os serviços ambientais que as Árvores oferecem às Cidades. Esses programas devem estar contextualizados em um Plano Diretor de Arborização Urbana efetivo, que independa de mudanças na gestão e que garanta o convívio harmônico entre os elementos urbanos e os cidadãos".
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