Oitenta e dois por cento das empresas de dispositivos e instrumentos de diagnósticos médicos afirmam que uma cadeia de suprimentos globalmente integrada só será possível nos próximos três ou cinco anos. Essa é a principal conclusão do relatório da KPMG intitulado “Como avançar: a preparação para o futuro da cadeia de suprimentos de life sciences”. Ainda de acordo com a publicação, essa alteração de processo vai exigir mudanças significativas nos modelos operacionais e comerciais na empresa. Segundo o levantamento, 80% dos entrevistados acreditam que o desenvolvimento da inovação no setor está na formação de parcerias externas e não nos esforços internos.
Entre os avanços citados no estudo está o uso da tecnologia de impressão em 3D para a produção e pesquisa de medicamentos, o que poderá também exigir que as empresas farmacêuticas repensem completamente a cadeia de suprimentos, em que as matérias-primas são cartuchos de tinta.
“Com isso, o tempo entre o início e a execução do processo de desenvolvimento de produtos é reduzido drasticamente, a distribuição aos clientes é bastante simplificada e a produção dos medicamentos tem uma relação custo-benefício muito melhor. Na prática, o que aconteceu nos anos 1990 e 2000 com os automóveis e os bens de consumo está agora ocorrendo com as empresas farmacêuticas. As cadeias de suprimento que funcionaram tão bem por décadas, agora, precisam tornar-se mais flexíveis, robustas, eficientes, centradas no cliente e terem uma boa relação custo-benefício, em suma, estarem preparadas para o futuro”, explica o sócio da KPMG, Leonardo Giusti.
O relatório, também, indicou que as três principais prioridades estratégicas da cadeia de suprimentos dos fabricantes de dispositivos e instrumentos de diagnósticos médicos são: a diminuição dos custos e do capital de giro, a reestruturação do setor com base nas mudanças globais e a reconfiguração para viabilizar o crescimento. O estudo mostrou ainda que a preparação para o futuro vai exigir redefinição em três prioridades para a cadeia de suprimento: diminuição de custos e de capital, reconsideração da pegada global e reestruturação para viabilizar o crescimento.
A indústria de life science nos países emergentes
De acordo com a pesquisa, atualmente, os mercados brasileiros de serviços de saúde estão concentrados na Região Sudeste do país. É necessário que as empresas ampliem as cadeias de suprimento para as regiões Norte e Nordeste que estão em um ritmo de crescimento mais acelerado.
“Espera-se que, nos próximos cinco anos, o mercado de life sciences no Brasil cresça 5,9%, segundo relatório de análise dos mercados farmacêuticos brasileiros da Thomson, impulsionado pelo aumento e envelhecimento da população. Estima-se que em 2050 as despesas com saúde no país atinjam de 10% a 15% do PIB total”, afirma Giusti.
Porém, paralelamente às altas taxas de crescimento, os mercados emergentes apresentam vários desafios. Por exemplo, a China, a Índia, a Coreia e o Japão são signatários de um grande número de acordos de livre comércio. Esses contratos precisam ser harmonizados entre si para reduzir os encargos administrativos no despacho aduaneiro das mercadorias. Além disso, as estruturas diferentes de royalties, impostos e taxas de licenciamento em diferentes países também apresentam um grande gargalo para o setor.
“Políticas governamentais estão sendo reconsideradas para abordar alguns desses desafios. Aqui no Brasil, por exemplo, novas leis permitem às empresas fabricarem produtos em um estado e vendê-los em outro para obter vantagens tributárias” finaliza Giusti.
Sobre a pesquisa
A KPMG Internacional entrevistou 55 executivos de um dos subsetores da indústria de life science: os fabricantes de dispositivos e instrumentos de diagnósticos médicos. O levantamento tem como objetivo descobrir as estratégias utilizadas para manter as empresas do setor competitivas e impulsionar o crescimento futuro.
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