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Em entrevista por telefone para a rádio Jovem Pan, de São Paulo, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) voltou a colocar o cargo de presidente do PSDB à disposição. "O meu cargo é interino. Portanto, no dia em que o presidente eleito do partido resolver voltar do afastamento em que ele se encontra, o cargo é dele. Agora, enquanto eu estiver na presidência do partido, mesmo que interina, nós vamos seguir a orientação que nós temos dado de acordo com a maioria", sustentou.
Mesmo assumindo toda a responsabilidade pelo conteúdo exibido, Tasso informou ter ouvido várias instâncias do partido sobre o programa de TV da legenda, que foi ao ar semana passada. De acordo com ele, o senador Aécio Neves, presidente afastado, foi a única liderança que não gostou.
"O programa é de total responsabilidade minha. Isso não significa que eu não tenha ouvido outras lideranças do partido antes de o programa ser terminado e ir ao ar. Nós ouvimos as lideranças mais representativas do partido em várias instâncias: do Senado, da Câmara; o ex-presidente Fernando Henrique, por exemplo; e o próprio senador Aécio Neves. Eu tenho que ser justo com o senador Aécio Neves. Ele viu e não gostou e reclamou do programa. Portanto, foi a única liderança que não gostou", afirmou Tasso.
Ainda sobre o programa, ele considerou não haver motivo para tanta celeuma e revolta. "Porque não atinge ninguém diretamente. Não ofende ninguém. Ele não agride ninguém. Ele simplesmente fala em duas coisas: uma revisão de erros cometidos pelo partido e a defesa do parlamentarismo contra o presidencialismo que nós chamamos de cooptação. É só isso. Por quê tanta raiva de alguns setores? Não há uma justificativa racional", comentou.
OPOSIÇÃO A TEMER
O líder tucano também voltou a pregar o desembarque do governo do presidente Michel Temer (PMDB), com a entrega dos cargos que ocupa, mas sem fazer oposição sistemática aos moldes do PT. "Eu defendi isso. Agora nunca ficar contra o governo e assumir uma oposição como a do PT, por exemplo: 'Fora, Temer!', votar sistematicamente contra o governo ou fazer uma oposição ostensiva contra o governo. O que eu defendi foi sair do governo para que nós pudéssemos ter a isenção necessária para, desta forma, fazer uma revisão de todos os nossos equívocos e acertos. E assim preparar para o futuro um novo programa de partido, em que se tivesse os princípios do partido muito bem delineados", explicou Tasso.
Perguntado sobre a existência de uma articulação promovida por Aécio para tirá-lo do comando da sigla e mudar o vice-presidente, Tasso disse que basta o senador mineiro redigir um documento e "em cinco minutos" a questão ficaria resolvida. "Não precisa articular nada. É só o senador Aécio Neves querer. Em cinco minutos, ele resolve isso. Ele escreve um documento dizendo que volta ao partido. E, se quiser indicar alguém ou ficar na presidência, ele faz um documento. Isso é muito simples de fazer. Eu não posso reclamar ou me rebelar ou me revoltar contra isso, porque eu tenho consciência de que estou numa interinidade e que o presidente efetivo não renunciou, que é o senador Aécio Neves. Agora, evidentemente, que existe uma ala do partido também, muitos deputados e senadores, a maioria dos eleitores, que quer uma revisão, quer mudar algumas das atitudes tomadas pelo partido no passado", respondeu.
Com relação à antecipação de uma convenção para a escolha do novo comando, Tasso não considera a saída. "Nós queremos não somente fazer uma nova convenção nacional, fazer também um congresso. São dois intuitos diferentes. A convenção para eleger uma nova executiva, um novo presidente. Um congresso para discutir o programa do partido e os princípios, as chamadas cláusulas pétreas; ou seja, quais os princípios que, independente de conjunturas, são permanentes no partido. Isso depois de muitas discussões que terão que ser feitas. E começando por convenções municipais e zonais. Em seguida, as estaduais. Estou falando de três meses, quatro meses", disse
Tasso rebateu críticas de que isso poderia estender o "racha" interno na legenda e levar a uma eventual perda de integrantes. "Isso não é custo. É vantagem. É o debate que faz o partido. O PSDB nasceu e sempre foi um partido democrático internamente, porque não tem dono. E o debate de ideias divergentes é o que faz chegar a ideias convergentes. Hoje, nós temos divergências pontuais. Mas nós temos que debater internamente muito e discutir aquilo que nós queremos que o partido seja no futuro. Isso é bom. Em todo grande partido democrata, existe isso. E não é ruim. É bom. E sempre existiu", ponderou.
Tasso comparou o momento atual ao vivido em 1994, quando o PSDB elegeu Fernando Henrique Cardoso logo após superar uma polêmica interna se deveria ou não apoiar o então presidente Fernando Collor. "Se você se lembrar, o partido saiu forte para presidência da República em 1994, quando houve um longo debate interno para discutir se o partido ia ou não para o governo Collor. Houve uma discussão interna muito forte e nós não saímos rachados. Chegamos a uma conclusão. E, um ano depois, dois anos depois, o partido novo, naquela época, elegia o Fernando Henrique para a Presidência da República com um programa de governo totalmente novo".
ELEIÇÕES 2018
Para as eleições para presidente do Brasil em 2018, Tasso disse que "o PSDB deve oferecer ao País uma alternativa concreta de que se pode fazer política com decência, com honestidade e com dignidade". Para isso, continuou o tucano cearense, essa grande discussão; para isso essa revisão e até esse execício de mea culpa. "É preciso reconstruir para o país uma alternativa desse tipo, porque quando nós falamos de problemas na política não estamos falando só do PSDB. É menos até no PSDB. Toda política está desacreditada. Nós temos de construir a base para lançar um candidato que tenha como base, tenha como lastro, essas características", pontuou.
Tasso elogiou Alckmin e Doria. "Sem dúvida nenhuma o governador Alckmin e o prefeito Dória são quadros notáveis. Um governador de São Paulo e o outro, prefeito de São Paulo, que, por si só, são candidatáveis a presidente da República". Mas não descartou o surgimento de um novo nome dentro do PSDB para a disputa: "Só que podem aparecer também outros candidatos até lá. Se isso acontecer, nós estamos propondo, entre fevereiro e março, prévias dentro do partido", completou. Finalizando a entrevista, Tasso afirmou que para além dos números de pesquisa, a definição do nome para a disputa deve levar em consideração "a credibilidade interna dentro do partido e o programa que o candidato vai defender".
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